sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ai, meus tempos de atleta!

Lembra daqueles coelhinhos idiotas que andavam batendo um bumbo feio nas propagandas de pilha? Pois é... eu parecia aquele que não parava nunca. Com os meus 13 pra 14 anos era um perfeito bobo, correndo atrás de bola o dia todo. Ia a escola pela manhã. Chegava a tarde, ia pra casa. Almoçava, fingia que estudava alguma coisa e logo corria para a praia. Bons os tempos em que aquela imensa faixa de areia ficava logo ali, a algumas quadras do lar. Não só pelo simples fato de que o cheiro do mar me faz bem. Mas também porque sempre tem um campo riscado na areia batida a procura de um tonto pra completar um time. Muitas vezes esse tonto costumava ser eu!
Tinha algumas turmas com as quais o futebol semanal era sagrado. Terça, quinta. Segunda, quarta e sexta. Todo dia tinha racha. Cada dia os jogadores eram diferentes. Mas às vezes o pessoal não ia, ou a chuva espantava os atletas que achavam ser de açúcar. Nessas horas saía eu de casa. Shorts, joelheira (porque meu joelho é podre não é de hoje) e tornozeleira de neoprene. Assim que avistava o primeiro quadrilátero com gols feitos com canos de pvc já arriscava pro zagueiro: “Dá pra entrar aí, parceiro?!

E assim passei boa parte da minha infância e adolescência. Daí começaram a surgir as insuportavelmente imprescindíveis responsabilidades da vida de “já quase adulto”. Cresci, arrumei emprego, comecei faculdade e numa direção diametralmente oposta aos meus avanços no mundo de gente grande minguavam minhas oportunidades de bater aquela bolinha de lei. O cansaço foi crescendo, o fôlego diminuindo. Nas raras oportunidades de chutar a redonda com uns parceiros a língua rapidamente parecia atingir a altura do joelho. O suor pesava algumas dezenas de quilos e a protuberância acima da cintura demonstrava que os goles da amarga cerveja se instalavam no que parecia ser um novo membro do meu corpo, a tal da barriga. Algo que sabia não me pertencer, mas que mesmo não sendo bem-vinda insistia em abraçar meu tronco antes esguio.

Hoje onde moro não tem mais praia. Quando jogo é em campo alugado, tem que pagar. Um saco. Mesmo assim sou adulto, tenho salário... salarinho, é verdade, mas tenho, né?! Até dá pra bancar um racha e quando chega a dois o número de partidas numa mesma semana aí estão bons motivos pra festejar. Festejar a saúde, festejar o saudosismo, e por que não, festejar a maturidade. Ah, e antes que eu me esqueça: Nunca fui um grande jogador!

Um comentário:

Brenda Filan disse...

Rsrsr... Sem dúvida esse post foi muito engraçado. Divertido.
Adorava jogar bola, mas, nunca foi um bom jogador? Duvído! Parece que era muito bom de bola. Aliás, acho que sempre que gostamos muito de algo, sempre que fazermos de tudo pra viver o que gostamos, acabamos que nos saimos bem mesmo que nem percebamos isso. Talvez tenha sido esse o seu caso. Foi um ótimo jogador, mas, não viu isso.
Que talento você tem para escrever. Conta fatos de forma tão bonita que dá vontade de ficar lendo e lendo e lendo seus posts. Competente em tudo, né Phelipe?!
Sou sua fã!