terça-feira, 8 de abril de 2008

Cada dez preocupações geralmente valem por um único problema de fato... em média.

Começa na cabeça, desce para o peito, aumenta, chega nos braços, irradia para as pernas. Fecho os olhos, respiro, o rosto ganha cor. A situação se repete a cada novo. A cada incomum, alheio. Muitas vezes me impressiono com minha capacidade de mudar meu humor quase sempre irreverente por motivos ingenuamente banais. Mas venho melhorando, juro. A neurose me consome na medida em que me sinto ridículo por saber que mais uma vez queimei neurônios num momento em que poderia tê-los poupado. Um dia sei farão falta. Quando esqueço de enxergar o copo da vida meio cheio a ansiedade pelos passos possivelmente mais largos que as pouco treinadas pernas dá espaço à revolta tímida. Quero mais. Todos querem. Querer só não basta. Quando a insanidade momentânea foge de mim volto a entender que o caminho tem sido trilhado de uma maneira ilustre. Talvez não a ideal, talvez não a mais curta. Mas é uma maneira. Algumas são as palavras-chaves. ‘Paciência’ é, provavelmente, uma das mais importantes nesta escala quase darwiniana. A evolução existe, mas nem sempre chega de 0 a 100 como um motor V8. O sucesso é um carro popular que com o acréscimo de equipamentos sofisticados pode se transformar num esportivo de luxo. Mas pode demorar. Somos mecânicos de um sedan ultrapassado. Restauramos, consertamos, improvisamos. Cada vitória, uma peça a mais rumo a um Lamborghini. Cada stress desnecessário, um parafuso que se solta na estrutura metálica. Espero que as ferramentas das quais disponho sejam suficientes de fato.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Ai, meus tempos de atleta!

Lembra daqueles coelhinhos idiotas que andavam batendo um bumbo feio nas propagandas de pilha? Pois é... eu parecia aquele que não parava nunca. Com os meus 13 pra 14 anos era um perfeito bobo, correndo atrás de bola o dia todo. Ia a escola pela manhã. Chegava a tarde, ia pra casa. Almoçava, fingia que estudava alguma coisa e logo corria para a praia. Bons os tempos em que aquela imensa faixa de areia ficava logo ali, a algumas quadras do lar. Não só pelo simples fato de que o cheiro do mar me faz bem. Mas também porque sempre tem um campo riscado na areia batida a procura de um tonto pra completar um time. Muitas vezes esse tonto costumava ser eu!
Tinha algumas turmas com as quais o futebol semanal era sagrado. Terça, quinta. Segunda, quarta e sexta. Todo dia tinha racha. Cada dia os jogadores eram diferentes. Mas às vezes o pessoal não ia, ou a chuva espantava os atletas que achavam ser de açúcar. Nessas horas saía eu de casa. Shorts, joelheira (porque meu joelho é podre não é de hoje) e tornozeleira de neoprene. Assim que avistava o primeiro quadrilátero com gols feitos com canos de pvc já arriscava pro zagueiro: “Dá pra entrar aí, parceiro?!

E assim passei boa parte da minha infância e adolescência. Daí começaram a surgir as insuportavelmente imprescindíveis responsabilidades da vida de “já quase adulto”. Cresci, arrumei emprego, comecei faculdade e numa direção diametralmente oposta aos meus avanços no mundo de gente grande minguavam minhas oportunidades de bater aquela bolinha de lei. O cansaço foi crescendo, o fôlego diminuindo. Nas raras oportunidades de chutar a redonda com uns parceiros a língua rapidamente parecia atingir a altura do joelho. O suor pesava algumas dezenas de quilos e a protuberância acima da cintura demonstrava que os goles da amarga cerveja se instalavam no que parecia ser um novo membro do meu corpo, a tal da barriga. Algo que sabia não me pertencer, mas que mesmo não sendo bem-vinda insistia em abraçar meu tronco antes esguio.

Hoje onde moro não tem mais praia. Quando jogo é em campo alugado, tem que pagar. Um saco. Mesmo assim sou adulto, tenho salário... salarinho, é verdade, mas tenho, né?! Até dá pra bancar um racha e quando chega a dois o número de partidas numa mesma semana aí estão bons motivos pra festejar. Festejar a saúde, festejar o saudosismo, e por que não, festejar a maturidade. Ah, e antes que eu me esqueça: Nunca fui um grande jogador!

terça-feira, 1 de abril de 2008

Férias? É... tava precisando!

Foram incríveis quatro anos sem aqueles tão esperados e merecidos 30 dias de descanso. Pois é, emendei um emprego no outro e paguei o preço de ser um perfeito nômade profissional. Em 2006 foram 4 ocupações diferentes em um ano igual. Deu no que deu.
Exausto, saí de férias. Acho que estava tão habituado à rotina insana de trabalho que no primeiro dia da folga estendida fui trabalhar. Juro. E porque eu quis mesmo. Fiz questão de ir editar “na faixa pra empresa” uma matéria que tinha feito um dia antes sobre um árbitro de futebol amador que é uma figura. Achei que deveria. Valeu a pena, ficou legal.

Assim que me vi livre das amarras do emprego corri pra minha cidade refúgio. Cheguei em Santos e tão logo senti o peso da consciência. Sei que precisava de férias, e meu corpo implorava por elas. Mas minha cabeça não pensava assim. Logo na primeira semana já me sentia um completo inútil por não ter nada para fazer. Certamente a psicologia moderna deve ter alguma explicação pra isso. Deve ser alguma síndrome de um workaholic moderno convicto ou algo do tipo.
Mas aqui estou, livre do trabalho e descansando a beça. Pois é, estava precisando de verdade. É a primeira vez que entro em férias pra valer. Sem trabalho, faculdade, escola, curso. Acho que isso me assustou e me assusta. Mereço, sei. Mas sei lá. Vai entender a cabeça da nova geração de trabalhadores. Sempre pensando no futuro. Querendo garantir o sucesso da vida em questão de poucos anos. Todo mundo sabe que se atropelar nos anseios pode ser um erro. Mas prefiro pecar pelo excesso de trabalho e idéias inovadoras do que pela falta de vontade, falta de mudar o que se apresenta pra você como chato. Vai ver que é por isso que acho que férias é pra quem não pensa em vencer. E ainda bem que tenho plena consciência que sou errado ao extremo pensando desse jeito doentio.