segunda-feira, 11 de maio de 2009

A historia do ovo bomba

Um pouco de leite, dois ovos e queijo à vontade. Ingredientes modestos que, quando aliados ao saber culinário, resultam numa iguaria simplesmente divina: o ovo no leite.
Passado de geração em geração o prato é apreciado intensamente na família. E eu, como bom ostentador do sobrenome que me foi dado ao nascer, não poderia quebrar esta tradição, que rompe as barreiras do tempo e transcende todos os limites e diferenças culturais do almoço de domingo.
Pois bem, no ano de 2004, quando ainda cursava jornalismo, mantinha-me empregado em dois estágios, o que me consumia praticamente todo o tempo em que não estava em aula na faculdade. Chegava em casa por volta das 23h30, naturalmente, morto de fome. Nesse estado de pura indefesa estomacal me dirigia à cozinha como um somaliano de baixa renda, louco para manter viva a tradição culinária da família.
No caminho de volta para o lar já imaginava como seria preparado o ovo no leite da noite. Com um pouco de molho shoyu, talvez, ou quem sabe catchup, até mesmo tempero de macarrão instantâneo... tudo é válido!
Foi numa dessas cruzadas diárias que o inesperado aconteceu. Cheguei em casa e meu irmão mais velho, Diego, estava assistindo televisão na sala. Antes de começar a seguir o menu de sempre preparei a estrutura mínima necessária: peguei uma frigideira recém lavada, ainda no escorredor de pratos e a coloquei no fogo. Para diversificar resolvi fritar um hambúrguer juntamente com os ovos. Quando coloquei óleo na frigideira percebi que algo estava errado. O recipiente, que a esta altura estava tampado, começou a fazer barulhos estranhos, como um pacote de pipocas de microondas prestes a ficar pronto. De tão cansado, não percebi que colocava no fogo, uma frigideira ainda molhada. Foi aí que tive a infeliz idéia de chegar mais perto do fogo para identificar o problema. A merda toda explodiu! Só tive o tempo de cobrir o rosto. A tampa voou para o outro lado da cozinha. O óleo, que antes estava dentro da frigideira, se espalhou por todo o chão, não se esquecendo de poupar nem a borracha da porta da geladeira. Graças ao bom Deus e aos Santos protetores dos atrapalhados que nada de mal me aconteceu. Quando tirei a mão do rosto desliguei o fogão. Olhei para os lados e não acreditava no que via. Se alguém viesse me contar, certamente não acreditaria. Era impensável imaginar que fui capaz de fazer toda aquela cagada sozinho. Era óleo pra tudo quanto era lado. Meu irmão, que com o barulho correu em direção à cozinha, provavelmente preocupado com o meu bem estar, ria de se mijar. Dizia que eu teria que limpar tudo aquilo sozinho.
A rotina dupla de estágio já não bastava. As cansativas aulas acompanhadas de profundas cochiladas e babadas no caderno também não. Para fazer jus à minha fama de "só faz merda" tinha que completar meu dia com uma dessas. Resultado: Gastei horas limpando a cozinha. Fui dormir fedendo a óleo e, claro, com muita fome... depois disso, não sei porque, enjoei de ovo no leite!

Um comentário:

Brenda Filan disse...

Oh, Phelipe! Que situação hilária essa que você viveu. Coitado! Cansado, depois de uma rotina pesada dessa, com fome e ainda sem sucesso na cozinha?! É de chorar.
'Santos dos atrapalhados' foi demais. Amei essa. Graças a Deus que nada te aconteceu, né?!

Amei esse post!