quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Meus amigos são moleques

Meus amigos são moleques. Todos eles. Moleques em todos os sentidos, em tudo... e como são! Tenho na manga, de bate-pronto, inúmeros exemplos de molecagens e molequices. Sabe por quê? Porque moleques são companheiros, são amigos no significado mais estrito da palavra. E é exatamente esse o tipo de gente que eu quero do meu lado. Adulto é sério, chato, irritante, e tem pouca propensão a rir de uma boa piada. Moleques não.
Adoro dicionários. Adoro mais ainda o que neles quer dizer a palavra moleque. Dentre as várias significações destaco algumas: Menino travesso, divertido, engraçado, pilhérico - sinônimo para engraçado, definido como espirituoso, Irônico, zombeteiro, enfim... Um fanfarrão. Claro que pra muitos, e até pro próprio pai dos burros, moleque também pode ser alguém sem qualquer responsabilidade ou desprovido de compromissos. Mas prefiro a definição moleca da coisa.
Pense o que seria do mundo sem os bons moleques? Não teríamos o riso, a gargalhada, e as verdadeiras amizades seriam escassas e insossas. Já imaginou? Pois é, seria realmente um saco. Prefiro sair num dia de semana quase de madrugada em busca de carvão pra fazer “aquele” churrasco na varanda da quitinete. Mal ser reconhecido na rua pelos colegas de trabalho porque não uso boné pra trás quando estou na labuta. Rir das dificuldades, superá-las, e esperar pelos próximos desafios com sorriso no rosto e vontade de vencer. Isso é molecagem, e das boas. Tudo que conquistei na vida foi por meio desta metodologia, inclusive algumas derrotas. Mas até elas foram, e ainda são, grandes lições de como crescer com maturidade, mas claro, nunca esquecendo o jeito menino de ser.
Moleque tem carisma, moleque tem estilo, moleque é cativante. Nasci assim, cresci assim, e, se Deus quiser, desse jeito morrerei, com sorriso na cara. Conheço grandes homens, pais de família exemplares e trabalhadores exímios, muito bem sucedidos, que nunca deixam de lado uma boa travessura. Até hoje acordam os outros com melodias tiradas de tampas de panelas, colocam pinga no bolo de aniversário e pastilhas efervescentes na piscina de mil litros. Pois é, são todos meus ídolos... Achou-me moleque? Obrigado, essa era a intenção!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pela simetria das coisas

Sei que sou neurótico. Isso nunca neguei. Desde peagazinho sempre tive minha “nóias”. Minha mãe nunca me entendeu. Coitada. Nem mesmo ela. Andava pelas calçadas intercalando meus passos com as cores do chão. Pé esquerdo na parte preta do piso, pé direito na branca. E ai de mim se eu errasse. Não podia acontecer. Cresci. E junto de mim minhas manias. Tão esdrúxulas quanto estúpidas. Esbarrava meu braço em alguma coisa e lá tinha eu que encostar exatamente a mesma parte do outro braço pra “compensar”. Isso me irritava. Hoje imagino quanto devia irritar os que estavam junto de mim.
Bom, hoje sou adulto. Tenho casa, coisas, tarefas de gente grande. Pago aluguel, contas. Tenho dívidas. Minhas. E se evolui, evoluíram também minhas “estranhices”. Sou a pessoa mais simétrica que conheço. Os sapatos devem estar exatamente alinhados da mesma maneira. As camisas no armário viradas todas para o mesmo lado, assim como os cabides. Todas seguindo uma ordem lógica de cores. Da tonalidade mais fraca pra mais forte. Da esquerda pra direita.
Meus móveis são poucos, mas retos. Completam-se no ambiente. Formam um só desenho. Meu Deus, que irritante! Não sei como os outros me agüentam. Juro que não. Sou insuportável nesse ponto. Dizem que é excesso de organização. Digo que é algum tipo de distúrbio. Um transtorno obsessivo compulsivo ou algo do tipo que só os psiquiatras descreveriam com certeza de causa.
Meus amigos, que graças a Deus não são poucos, brincam comigo. Tiram as coisas na minha casa do lugar, só porque sabem que eu vou arrumá-las logo em seguida. Riem disso. Sinto-me insuportavelmente desconfortável se o lugar das coisas não tem as coisas no lugar. Vai entender. Só sei que desse jeito me sinto bem. Mesmo que irrite.